Home
Reportagem Super Bock Super Rock 2015
- Festivais
- Festivais
- Acessos: 3874
Novo ano, novo Super Bock Super Rock. É verdade. Depois de algumas edições no Meco, o SBSR resolveu mostrar, mais uma vez, a sua capacidade camaleónica, mudando-se com conta, peso e medida para o Parque das Nações. Perdeu-se algum orçamento, perdeu-se em público, mas ganhou-se em termos de conforto e de facilidade de acessos. O som é que precisa de ser melhorado. Mas já lá vamos.
Descemos até ao Parque das Nações para levantarmos a nossa acreditação, e qual não é o espanto quando vemos uma enorme fila para trocar os passes pelas pulseiras. A confusão instalou-se e as pessoas iam perdendo a paciência. Normal para um primeiro dia. Adiante.
Lá dentro, tudo parece bem organizado e arrumado. Alguns brindes, barracas de comes e bebes espalhadas um pouco por todo o recinto e uma boa delineação dos palcos. E, imagine-se: uma facilidade enorme em circular pelo recinto. Estava pouca gente – aliás, ao final do dia, a organização adiantou que passaram pelo recinto 18 mil pessoas. Poucos milhares para um festival como o SBSR.
E quanto à musica? Bem, começámos a aventura com King Gizzard And The Lizard Wizard, banda essa que já tinha passado por outro festival português em finais de novembro do ano passado. Garage rock psicadélico e krautrock – com a força de duas baterias – são os estilos que podemos definir para a banda australiana. Com seis álbuns e dois EP’S lançados, o coletivo australiano deu um concerto em velocidade de cruzeiro, praticamente baseado nos últimos álbuns I’m In Your Mind Fuzz e Quarters!. Temas como “I’m In Your Mind Fuzz”, “I’m Not In Your Mind”, “Cellophane” e “The River” foram alguns do que o pouco público presente pôde presenciar. Poucos, mas bons, já que já viam algumas cabeças a abanar. Bom começo.
Passámos diretamente para a MEO Arena, o maior palco deste festival, para assistirmos à atuação do duo alemão Milky Chance, que tem visto o single “Stolen Dance” rodar com insistência nas rádios. Mas a coisa não correu por aí além; além de não ser o estilo de música apropriado para as 19h da tarde, é sempre ingrato abrir o certame no palco maior. Conclusão, os Milky Chance tocaram para muito poucas pessoas, e isso, num pavilhão de grandes dimensões, nunca é bom sinal.
Do pouco que vimos, saltámos diretamente para Perfume Genius no palco EDP (situado ao lado do Pavilhão de Portugal). Novamente, pouca gente a assistir e, novamente, outro problema: o estilo de música que não se adequava nem às horas, nem ao próprio espaço. Ainda por cima começou mal; logo na primeira música o sistema de som falhou, pelo que o concerto ficou interrompido durante alguns minutos. Mas Mike Hadreas, que dá voz ao projeto Perfume Genius, aproveitou para saltar para a plateia e dar abraços a alguns fãs sortudos. Quando os problemas se resolveram, deu-se início a uma atuação bonita e intensa, mas que não chegou ao nível do anterior concerto no nosso país. Não obstante, é sempre um prazer ver este pequeno génio a atuar. Sempre muito teatral e expressivo no que faz, a humildade das suas canções deixam-nos deliciados, casos de “Grid”, “Sister Song” ou a inevitável “Queen”. Sem ser culpa da banda, já se notava aqui graves problemas a nível de som, já que o espaço não era o mais indicado. Era urgente uma mudança.
Voltámos a MEO Arena para The Vaccines e, após tantos concertos em Portugal, já não são o que eram. Ou melhor, não conseguem ser melhores que isto. A reação da plateia foi sempre algo mista, apenas exaltando-se em singles como “Teenage Icon” e “Wreckin’ Bar (Ra Ra Ra)”. Infelizmente faltou a “Post-Break-Up Sex”, mas o concerto também não valeria muito mais com essa edição. Atenção, não estamos a dizer que o concerto foi mau ou que a banda de Justin Young não vale nada, apesar de produzirem melodias próprias para adolescentes. Não. O som por eles debitado é que soa a muito mais do mesmo e, apesar de, por vezes, este indie rock soar algo frenético e colocar a plateia a dançar, não foram assim tantos os milhares a prestar atenção ao concerto. Todavia, as filas da frente pareciam muito exaltadas. E saber isso já é motivo de orgulho para uma banda.
Não ficámos para os últimos acordes porque Little Dragon já atuava no palco EDP. A banda sueca já tinha à sua frente uma boa mancha de público, que não tirava os olhos da excêntrica vocalista Yukini Nagano. Os Little Dragon já tinham estado no Meco, pelo que resolveram experimentar ir até ao Parque das Nações. E correu bem, apesar dos problemas com o som. Concerto hipnotizante e cheio de energia, em que ninguém mais se lembrava que um ex-Oasis estava prestes a tocar. Exceto nós, é claro. Seguimos caminho.
O cenário não era muito animador: MEO Arena a meio gás para receber Noel Gallagher e os seus High Flying Birds. Felizmente, a plateia foi-se compondo razoavelmente, pelo que Noel pode contar com um bom número de assistência. Foi com os singles do mais recente disco, Chasing Yesterday, mas principalmente com temas dos Oasis, que ocorreram os pontos altos do concerto. Afinal, estávamos perante a metade mais criativa de uma das grandes bandas dos anos 90 e da britpop. Sim, Noel tem bons temas, caso de “Everybody’s On The Run” ou “Lock All The Doors”, mas não fazem frente a temas como “Champagne Supernova”, além da inevitável “Don’t Look Back in Anger”, guardada para o fim do concerto e cantada em uníssono pelos presentes. Foi um bom concerto e bastou um punhado de bons temas para agarrar os festivaleiros. Sim, Noel jogou pelo seguro, mas uma coisa é certa: tem mais sucesso que o seu irmão.
Já a atuação de SBTRKT decorria há alguns minutos quando chegámos ao palco EDP. Mais uma vez, o som fraco tentava manchar mais um concerto, que acabou por ser o melhor do dia neste palco secundário. Com Sampha em palco, a atuação correu melhor que em anteriores passagens por Portugal. Estava muita gente a ver, muita gente a saltar e a dançar, muita gente a vibrar com temas de SBTRKT e Wonder Where We Land, ou seja, não podiam faltar as faixas “Wildfire”, “New Dorp, New York”, “Pharaohs” e até o remix de “Lotus Flower”, dos Radiohead. Não terá sido uma das surpresas da noite, mas foi, com toda a certeza, um dos melhores concertos deste primeiro dia de SBSR. E que tal um concerto em nome próprio?
Por último, Sting, o cabeça de cartaz de quinta-feira. Naturalmente, a casa estava cheia, mas não a transbordar. Uma MEO Arena muito bem composta para receber a atuação do ex-Police. Na maioria, casais de 40, 50 e 60 anos de idade assistiam, juntos, a um concerto que foi mais uma espécie de best of da carreira, tanto a solo como enquanto membro da banda britânica.
Admitimos: fomos com algum receio para o concerto do músico inglês, mas rapidamente as dúvidas ficaram dissipadas. Sting sabe o que deve fazer em palco, e quando fazer, tendo conquistado o público com relativa facilidade. Está em forma, este gentleman de barba por fazer – houve quem dissesse que parecia um hipster. Não somos dos anos 80, mas rapidamente fomos transportados até lá – “De Do Do Do De Da Da Da”, “Roxanne” (com cover de Bill Withers pelo meio), “Message In a Bottle”, “Englishman In New York” e “Every Breath You Take”, guardada para os instantes finais. Houve até boa qualidade de som, coisa que parece quase impensável hoje em dia na MEO Arena. Houve também boa disposição e, principalmente, um espetáculo de alto gabarito.
De notar que muita gente foi de propósito ao SBSR para ver e ouvir o músico britânico. No final da atuação, muitos foram os que voltaram para casa. Nem parecia que estávamos num festival de verão.
Chegámos ao Segundo dia. A organização revelou que passaram pelo recinto as mesmas pessoas do primeiro dia, ou seja, 18 mil pessoas. No entanto, notamos maior movimento na rua, o que não deixa de ser curioso.
Já não chegámos a tempo da atuação da nossa Isaura, mas estávamos prontos para receber Sinkane, sudanês que nos tinha visitado em finais de novembro do ano passado. Depois de nos ter agradado nesse festival de outono, o músico, que bem podia fazer parte de um festival de músicas do mundo, soube conquistar o público presente, que escutou as suas influência soul e jazz.
Seguia-se Benjamin Clementine, quiçá a maior revelação deste festival. Era a estreia do inglês em Portugal, pelo que a expetativa era elevada. E foi praticamente impossível ficar indiferente a este homem.
Sentado ao piano e acompanhado por um trio, Benjamin mostrou tudo aquilo que sente com as canções de At Least For Now. Muito melodrama, muito sentimento, muita entrega e muita, muita solidão. Aquela voz (e que voz!) deixou-nos de boca aberta com a sua qualidade e dor. Sim, porque em Benjamin há tanta coisa misturada que, ao vivo, tudo se torna mágico. Escutamos ecos de Nick Cave, Tom Waits, monstros da música. Percebemos que estamos perante algo diferente e incrível. Quem não viu bem pode arrepender-se. Pede-se um concerto em nome próprio com urgência.
Continuámos pelo palco EDP para receber, uma vez mais no nosso país, o projeto Kindness, orientado pelo vocalista Adam Bainbridge. Mas o concerto não correu lá muito bem, pelo menos nos minutos iniciais. Mais uma vez, foram os problemas de som que mancharam a atuação, nomeadamente instrumentos e vozes fora de volume. Claro que a acústica difícil também não ajudou. Não houve falta de coesão, até porque, ao vivo, é tudo muito mais orgânico, tanto que existe sempre muita interação com o público. E os presentes dançaram ao som de “With You”, “World Restart” e “If Your Girl Only Knew”. Seguimos viagem, até porque iam começar as atuações no palco Super Bock.
Chegámos a MEO Arena mesmo a tempo do início da atuação dos The Drums, mas o rock que trouxeram de Brooklyn já cheira a datado. Apesar de terem lançado recentemente o álbum Encyclopedia, são mesmo temas como “Let’s Go Surfing”, “Best Friend”, “Money” ou “Down By The Water” que arrancam algumas reações da (ainda) reduzida plateia. O problema dos The Drums é que soam muito a mais do mesmo, o que lhes coloca um selo de banda que não consegue muito mais que isto. Foi um concerto morno e, por vezes, enfadonho. Siga para Savages.
Agora sim, rock a sério! As Savages, banda constituída apenas por mulheres, já têm uma série de seguidores em Portugal. O post-punk faz sucesso por cá, e a vocalista Jehnny Beth é uma fera de palco. Não, não estamos perante uma cópia de Ian Curtis, mas a sua figura e forma de estar em palco é claramente inspirada neste último. Ao contrário dos The Drums, as Savages até podem apresentar o mesmo registo em temas novos, mas pelo menos entusiasmam. Caramba! Intensas e sombrias q.b., o coletivo feminino deu um grande concerto que, como seria de esperar, também foi baseado em Silence Yourself, álbum de estreia lançado em 2013. “She Will” (dedicada às senhoras), “City’s Full” (logo a abrir) e “Husbands” foram apenas alguns dos temas muito celebrados. “Fuckers”, o tema final do alinhamento, deixou o público em apoteose. Que voltem rapidamente.
Esquecemos o concerto em conjunto de Jorge Palma e Sérgio Godinho porque resolvemos ficar no palco EDP. Afinal, ainda iriam tocar os Bombay Bicycle Club.
Muito mais enérgicos que na última vez que pisaram solo luso, os Bombay acabaram por funcionar como uma espécie de excelente prelúdio para os Blur. Temas do primeiro disco I Had The Blues But I Shooked Them Loose, como “Always Like This”, “Evening/Morning” e “What If” puderam ser escutados, mas outro inscríveis como “Your Eyes”, “How Can You Swallow So Much Sleep” e, a fechar o alinhamento, “Carry Me”, provam que os BBC estão aí para durar. O seu rock pop facilmente é transportado para temas que acabam por se tornar em verdadeiros hinos. A festa foi rija, o jogo de luzes também ajudou. Todos estavam contentes. Siga para a MEO Arena, de onde não iríamos mais sair.
Já a atuação dos belgas dEUS ia a mais do meio quando chegámos, e conseguimos constatar que o pavilhão já começava a ficar mais composto. Quanto ao concerto, bem… já vimos melhor. Uma banda com este estilo de música é mais apropriada para um São Jorge ou Aula Magna, mas bem, os dEUS já são veteranos por cá. Não terá sido o pior concertos dos belgas por cá, é certo, mas também não foi a atuação desejada para conquistar novos admiradores.
E isso começou logo pela MEO Arena, mais uma vez. O som dos dEUS não funciona naquele espaço, não é grande o suficiente para preencher o vazio. Sim, sabemos que o vocalista Tom Barman adora o nosso país e a língua portuguesa, e que nunca é demais ouvir temas como “Instant Street” ou “Bad Timing”, mas não era o momento de consagração da banda. Grande parte do público nem sequer prestou atenção ao concerto; aliás, muitos só faziam tempo para conseguirem um bom lugar para ver Blur. Portanto, apesar do concerto razoável dos dEUS, e de serem uma banda de rock sólida e consistente com excelentes álbuns de estúdio, o público não se deixou seduzir. É pena.
Chegava o momento mais esperado do dia, os Blur de Damon Albarn iam finalmente entrar em palco. No entanto, apesar de alguns terem considerado este o melhor concerto do festival, para a equipa do Festivais de Verão acabou por ser um bom e não excelente concerto, até porque tínhamos visto melhor quando a banda britânica se apresentou no Porto para outro conhecido festival.
Nas primeiras músicas, achámos um concerto um bocado morno, mortiço e sem grande chama. Não havia uma reação assim tão grande por parte do público que preenchia a MEO Arena (não esgotou) e só passado metade do concerto é que as coisas começaram a aquecer. Mas o alinhamento foi bem feito – conjugar cantigas do novo álbum The Magic Whip com os temas conhecidos de todos os outros sete álbuns conhecidos da discografia do grupo.
É importante realçar que, à exceção de outras bandas dos anos 90, os Blur souberam amadurecer. A prova está no álbum novo, que não destoa dos restantes, soando a mais um bom disco. Tudo começou com “Go Out”, numa espécie de festa que se prolongou com uma setlist com mais de 20 músicas. Houve até um fã que teve o privilégio de subir a palco para cantar e saltar com Damon na incrível “Parklife”.
Portanto, como disseram, os ânimos só aqueceram em temas como “There’s No Other Way”, “Coffee & TV”, “Beetlebum”, “Song 2”, “Girls & Boys” e “The Universal”. E aí, qualquer tema tocado, era motivo de celebração. Portanto, foi só dar tempo ao tempo para conquistar uma difícil plateia. O concerto acabou, mas ninguém queria que ficasse por ali. “Porque não 5 horas de concerto como na outra vez em que o gajo foi expulso pelos seguranças?”, diziam ao nosso lado. Bem, a verdade é que, apesar de, para nós, não ter sido o melhor concerto dos Blur em Portugal, foi o espetáculo de uma vida para os milhares que foram à MEO Arena.
Último de Super Bock Super Rock. Estava quase na altura de fazer um rescaldo, mas ainda havia muitos concertos para ver. Chegámos cedo ao recinto para ver os Modernos a deixarem a “Casa a Arder”, ou sseja, desde logo começaram a aquecer as máquinas para mais um dia em cheio de boa música. O trio, que transita dos Capitão Fausto, ganhou pontos ao mostrar o seu rock jovem e de garagem, com umas pitadas de psicadelismo. Claro que não podiam faltar temas como “Só Se Te Parecer Bem”. Começou mexido este último dia.
Logo de seguida, a também portuguesa Márcia veio acalmar as hostes, mas isso não significa um concerto pior. Muito pelo contrário. Márcia é mestre em palco, e a sua voz doce, simples e sincera transmitem tranquilidade e boas energias. A cantautora encantou não só com os temas do mais recente Quarto Crescente, como fez questão de relembrar músicas que a deram a conhecer ao público em geral. Contou com a ajuda de Criolo no tema “Linha de Ferro” e do seu grande amigo Samuel Úria em “Menina”. Também não faltaram outros temas populares como “Cabra-Cega” e “Pra Quem Quer”. É sempre um prazer ouvir a nossa Márcia. Para o final, qual mais, “A Pele Que Há Em Mim”, a fechar um belo alinhamento. Estávamos embalados.
Continuámos pelo palco EDP, até porque a seguir iam tocar os Palma Violets. Vimos cerca de 30 minutos de atuação, até porque depois iríamos passar para a MEO Arena, mas do que vimos, gostámos. É um rock aguerrido e animado que, apesar de não ter assim tantos fãs por cá, servem para entreter. Vieram com álbum fresco na bagagem, Danger in the Club, lançado em maio passado, mas foram mesmo temas antigos que mais reação registaram. Seguimos viagem.
Rodrigo Amarante já cá tinha estado noutro festival, mas o seu tipo de música também não é adequado a uma MEO Arena, principalmente quando se pede intimidade e o público conversa como se estivesse na rua. O multifacetado cantor brasileiro, que ficou conhecido como um dos fundadores de Los Hermanos, teve sozinho em palco juntamente com o seu Cavalo, álbum recebido da melhor forma pela crítica especializada. Com o violão na mão, Rodrigo foi quebrando os corações do reduzido público que se apresentava na sala. Foi bom ouvir temas como “Nada em Vão”, “Irene” e “Mana”.
Aguardávamos com expetativa o concerto dos Unknown Mortal Orchestra, banda que deu um concerto inesquecível no ano passado num festival concorrente do SBSR. Na altura ficámos deliciados e, hoje, o coletivo voltou a encher-nos o coração.
Com Multi-Love praticamente acabado de chegar para o mercado, muitos eram aqueles que queriam perceber como é que as novas canções funcionavam ao vivo. E é ainda melhor escutar estes sons à frente dos nossos olhos. Ouvir Unknown Mortal Orchestra faz-nos lembrar MGMT, Temples ou até Tame Impala. Ou seja, apesarem de soarem a banda de rock, conseguem ser muito mais que isso.
Foi dos melhores concertos do palco EDP. Apesar de, neste Multi-Love, as guitarras não terem tanta importância em detrimento do uso de teclados, as novas músicas foram tão bem recebidas como as antigas. Infelizmente, a voz do vocalista Ruban Nielson mal se ouviu nos dois primeiros temas, “Like Acid Rain” e “From The Sun”. O público lá ajudou e, na terceira música, “How Can U Love Me”, os problemas estavam finalmente resolvidos. A partir daí foi uma festa intensa e sentida. É um pop-rock psicadélico muito relaxante, tendo o seu auge em “So Good at Being in Trouble”. Depois de um concerto destes, não admira que já tenham dois espetáculos marcados (Lisboa e Porto) para o próximo mês de novembro.
Ficámos até ao fim, pelo que vimos muito pouco da atuação dos Crystal Fighters, mas valeu a pena. O pavilhão já estava bem composto e a mistura de folk, psicadelismo, eletrónica da banda não conseguem deixar ninguém indiferente. Sim, pode-se estranhar a música, mas facilmente se entranha. Fortes em palco, os Crystal Fighters provaram que mereceram pisar o palco da MEO Arena.
Continuámos pelo pavilhão, até porque o projeto FFS, ou seja, Franz Ferdinand + Sparks, ia entrar em palco. E rapidamente nos apercebemos que as músicas escritas em conjunto não causam tanta euforia como os temas de cada banda. Sim, estava muita gente no pavilhão, mas apostamos que a grande maioria apenas queria guardar lugar para Florence and the Machine. É claro que, no mundo da música, já ocorreram junções felizes e outras menos felizes. No caso dos FFS, podemos dizer que andam algures pelo meio, já que, apesar do álbum não entusiasmar, ao vivo, as músicas acabam por ganhar outra vida. Ganham brilho, força, poder. E isso nota-se até nas performances dos coletivos – Alex Kapranos e Russell Mael dançavam desenfreadamente durante todos os temas apresentados.
Do álbum FFS, ouvimos “Collaborations Don’t Work”, “Johnny Delusional”, “Call Girl” e “Dictator’s Son”. Dos Sparks, canções magníficas como “This Town Ain’t Big Enough For The Both Of Us”, “Achoo”, “When Do I Get To Sing My Way” ou “The Number One Song In Heaven”. Dos Franz Ferdinand, sem surpresa os que tiveram mais aplausos, ouvimos “Do You Want To”, “Walk Away”, “Michael” e, claro, “Take Me Out”. Incrivelmente, o som estava bom na MEO Arena, o que por si só é um motivo de celebração. Ou muito enganados estamos ou este supergrupo que destila art rock dos anos 60 veio para ficar.
A MEO Arena estava praticamente lotada. Florence Welch e os seus The Machine estavam prestes a fazer as delícias dos fãs. Afinal, era a primeira vez neste festival que as bancadas estavam praticamente lotadas, assim como a plateia em pé. Parecendo que não, Florence and The Machine era o nome mais esperado desta edição do SBSR.
E a diva de branco nem queria acreditar na receção. Uma MEO Arena quase esgotada, desejosa de ouvir aqueles hits que nos soam tão bem. Afinal, a anterior atuação de Florence em Portugal havia sido cancelada, ou seja, não vinha a Portugal desde 2010. Muita coisa mudou, mas o interesse pelo projeto não murchou; pelo contrário, está mais forte que nunca. De realçar que Florence & The Machine acabaram mesmo por ser cabeças de cartaz no mítico Glastonbury.
Uma coisa garantimos aos nossos leitores: Florence Welch é um animal de palco. Corre desenfreadamente de um lado para o outro, dança, e tudo isto sem nunca perder a qualidade vocal. Incrível. Temos a certeza que muitos ficaram espantados por tamanha energia demonstrada.
Algumas canções até podem soar demasiado semelhantes entre si, mas a máquina está tão bem oleada que esta foi uma atuação sem máculas. Sempre com uma voz angelical e cristalina, Florence Welch, no alto dos seus 28 anos, vem acompanhada por vários elementos que dão ainda mais fulgor ao espetáculo: instrumentos de sopro, uma harpa, um coro, etc. Tudo o que a jovem faz em palco é genuíno – apela à harmonia e ao amor, dirige-se às grades diversas vezes, distribui abraços e deixa-se ser adorada.
Tudo começou com “What the Water Gave Me”, do álbum Cerimonials, e logo aí previa-se um setlist recheada de êxitos. O primeiro surgiu com “Shake It Out”, terceiro tema a ser interpretado. Em “Rabbit Heart (Raise It Up)”, Florence corre descalça pelo fosso junto do público, empoleira-se juntos dos fãs e, no regresso, ao palco, leva uma bandeira de Portugal. Tão fácil!
Foram 17 canções, entre as quais “Cosmic Love”, “Sweet Nothing”, “What Kind Of Man”, “Dog Days Are Over” e, claro, “You’ve Got the Love”. Para o encore, “Third Eye” e uma música antiga, “Kiss With a Fist”.
Foram cerca de duas horas de concerto, tempo em que Florence dominou o público como há muito não se via. Um verdadeiro espetáculo, carregado de grandiosidade e que assentou que nem uma luva na MEO Arena. Grande concerto, grande entrega. Um dos melhores concertos que já passou por aquela sala. A melhor forma de fechar o festival. Desta vez, palma para vós, Música no Coração.
No final de tudo, há que ver o que correu bem e o que correu mal. Se por um lado a transição do Meco para o Parque das Nações correu sem problemas, perdeu-se a essência de ser um festival. O conforto aumentou, é verdade, mas perdeu-se em público e ganhou-se má qualidade de som, o que nunca convém. É preciso também um cartaz mais chamativo. No próximo ano, o Super Bock Super Rock 2016 decorre de 14 a 16 de julho no mesmo local. Veremos o que o futuro nos reserva.
Reportagem Sensation Wicked Wonderland
- Festivais
- Festivais
- Acessos: 8940
Lisboa foi presenteada no passado dia 19 de Junho com a segunda edição do festival de música de dança Sensation. Envolto no imaginário inspirado no conto de Lewis Carroll, Alice's Adventures in Wonderland, o evento trouxe ao Pavilhão Atlântico uma noite marcada pela fantasia, a ficção e a criação de novos mundos. As expectativas eram muitas e no recinto, pintado de branco, a vontade de diversão traduzia-se em movimentos de dança (ainda) sozinhos. Vestido a preceito, com máscaras e acessórios teatrais, o público estava preparado para uma noite de magia.
Detidos por uma voz vinda das profundezas, foi apresentada aos presentes a viagem por terras libertinas e fantasiosas do Sensation – Wicked Wonderland. Acompanhada por ecrãs de dimensões agigantadas, nos quais uma Alice descobria a entrada para o País das Maravilhas, a voz impetuosa convidava os presentes a passar a porta branca que dá entrada num novo mundo.
O português Diego Miranda inaugurou a noite e com uma bagagem musical auspiciosa fez a audiência soltar os primeiros passos de dança, alcançando o auge da sua apresentação aquando a última música, Ibiza For Dreams, na qual foi acompanhado por Liliana na voz e por uma performance de palco que remetia para o imaginário de Alice, na qual uma bailarina suspensa no ar amimava os presentes com uma chuva de papel branco. O ambiente de festa já estava ateado e coube a Mr. White, DJ residente do Sensation, garantir que os presentes continuariam a agitar a pista de dança. Numa actuação emersa no fantástico, com o artista vestido e pintado de branco fazendo lembrar todos os presentes, e com bailarinas que faziam justiça à perversidade e sedução prometidas no nome do evento, a singularidade da performance do DJ foi a afirmação decisiva de que a noite seria memorável.

Sebastian Ingrosso e Steve Angello, membros do colectivo sueco de DJs Swedish House Mafia, fizeram cumprir o objectivo a que se propõem: fazer as pessoas dançar. Distintos pelo tom de brincadeira e de diversão que depositam nas suas actuações, o duo fez a audiência reviver clássicos como Sweet Dreams, de Eurithmics, e recriar temas contemporâneos conhecidos como We Are Your Friends, da bem sucedida parceria de Justice com Simian.

Sensation - Wicked Wonderland prometeu a passagem para o “outro lado da porta branca”, para o Mundo do Sonho e, numa noite vestida de branco, soube cumprir.
Reportagem Sumol Summer Fest 2010
- Festivais
- Festivais
- Acessos: 11901
25 de Junho de 2010 - Fotos
Bilhetes esgotados! Todos esperam ansiosamente por mais uma edição do Sumol Summer Fest. Sol, praia, surf... Tudo se une para uma conjunção de boa música, amigos e good vibes. O Palco Sumol abre com Terrakota e os seus ritmos provenientes de todo o mundo. Ainda com poucas pessoas no recinto, Terrakota animou o público presente com a sua mistura de ritmos de África, Índia, Oriente e Caraíbas. Apresentaram o novo single “ World Massala” para uma plateia já contagiada pelas suas músicas.
Vindos da Austrália, os Blue King Brown presentearam-nos com a sua energia e paixão. Descritos por Carlos Santana como “The voice of the street and the band of the future”, contagiaram o público com o seu reggae, afro beat e música latina. A vocalista e guitarrista Natalie Pa'apa'a transmitiu a sua mensagem em português, apelando à conservação do planeta e à luta contra a probreza, e de seguida o tema “ Moment of truth” emocionou a plateia.
O sol já se punha em Ribeira d´Ilhas quando os Dub Inc entraram no Palco Sumol. Com uma combinação de estilos variados, o público esteve ao rubro durante todo o concerto. “Rude boy” , “ My freestyle” e “ Diversité” foram alguns dos temas tocados.
Os Groundation chegaram e arrasaram perante um público ansioso para os receber. A fusão entre o reggae, o jazz e o heavy funk transportou o público para um mundo de boa energia. Todos no recinto sentiram a alma com que tocaram e a mensagem de liberdade de expressão e igualdade para todos foi elevada ao mais alto nível.

O Palco Sumol encerrou após um final de tarde e noite repleto de boas vibrações.
Continuou a boa onda de energia no 2º e último dia do Sumol Summer Fest. Mesmo sem sol e com algum vento, o ambiente prometia mais uma grande noite. O Palco Sumol abriu com os portugueses Quaiss Kitir. Ritmos cubanos, reggae e ska encheram o palco e animaram a plateia. «Hannuman», «Cool», «Carpe Diem», «Bikini Blues» e «Punami» foram alguns dos temas escolhidos para “aquecer” o ambiente.
Com a plateia já bem composta chegou a revelação de 2010, Frankie Chavez. Influenciado pelas suas viagens, Frankie Chavez trouxe ao Palco Sumol um misto de folk e blues e com o seu talento fez vibrar o público.
Ao início da noite, chegou, nascido no Senegal mas vindo directamente da ilha de Guadalupe, o surfista Tom Frager. De todas as suas influências musicais, o mar, o sol, a poesia e o amor são os focos mais evidentes da sua música. Acompanhado pelo coro do público português, Tom Frager entusiasmou a plateia. “ Give me that love” fez-se ouvir até bem longe.
O público aguardava com muita expectativa o músico Matisyahu. Quando entrou em palco, a plateia vibrou ao som da sua voz característica. A sua música poderosa apelando à devoção religiosa e a mistura entre o rock, o reggae, o hip hop manteve o público sempre ao rubro. O hino “One day “ foi o ponto alto do concerto e sensiblizou à mudança por um mundo melhor.
Para encerrar o Palco Sumol o alemão Gentleman entrou com toda a energia. O público reagiu logo na 1ª música. A ligação de Gentleman com a plateia foi evidente. Um concerto com dois encores e temas como : “Intoxication”, “ Changes “ e “Good Old Days” serviram na perfeição para o final de mais uma edição de sucesso do Sumol Summer Fest.
O expectável foi atingido: muita música, good vibes, praia e amigos. Tudo isto nos faz ansiar pela próxima edição.
Reportagem Optimus Alive!10 - 8 de Julho
- Festivais
- Festivais
- Acessos: 8372
As temperaturas baixaram e o Optimus Alive!10 começou. A promessa é simples: boa música e muita festa. Este ano, os bilhetes para o último dia esgotaram, pela primeira vez na história do festival. Algés é o único destino em que se pensa. Grandes nomes da música, com muita história por trás deles, fazem parte do cartaz, juntamente com os maiores nomes da actualidade. O slogan não passa despercebido: “o melhor cartaz de 2010”. E é isso que se vai tentar comprovar. De notar também a dificuldade na entrada aos portadores dos passes de 3 dias, esperemos que a situação melhore amanhã.
A festa, como sempre, começou no palco secundário. Às 17 horas, Local Natives, banda indie rock/folk oriunda de Los Angeles, pisam um palco cujas diferenças se fazem notar. Mais amplo e elevado (um ecrã de cada lado pintava o quadro final), o resultado é ambíguo: se por um lado confere maior estatuto às bandas que nele tocam – que, por vezes, presenteiam a audiência com actuações dignas de palco principal – por outro, perde‐se a intimidade entre público e bandas tão característica do local. Por entre o público havia fãs, que cantaram e dançaram. A banda cativou o público com os seus ritmos, em Wide Eyes e Camera Talk. Airplanes, Shape Shifter e uma cover da Warning Sign dos Talking Heads mostraram variedade.
O senhor que se seguiu foi o texano Devendra Banhart, que em sete anos lançou nada mais nada menos que nove álbuns. O norte-americano trouxe para o Optimus Alive o seu Folk Psicadélico. Foi um dos artistas mais calmos do dia, mas serviu para relaxar e ouvir atentamente músicas como Baby e Sight to Behold.
The Drums, banda com origem em Brooklyn, Nova Iorque, eram um nome esperado. Apenas com um albúm editado, o número de fãs tem vindo a aumentar e muitos estiveram presentes no palco secundário. A energia, boa disposição e o humor da banda, sobretudo do vocalista Taylor Rice, animaram o recinto, que ia enchendo. A banda foi bem recebida e apresentaram temas como Submarine e It Will All End In Tears. As músicas pediam danças e tal não faltou.
Passava das 18h30 quando o palco principal finalmente abriu. A tarefa foi dada a Biffy Clyro que se fez acompanhar por Mike Vennart, dos Oceansize, na guitarra. A banda escocesa já tinha estado em Paredes de Coura em 2008 e a abrir Muse, em 2009. Não seria de estranhar se tivesse sido a banda portuguesa Moonspell a abrir o palco, como fica sempre bem, vistos estarmos em terras lusas. No entanto, o facto de Biffy Clyro serem uma das bandas mais subvalorizadas em Portugal, impede que tal aconteça. Apesar dos esforços em alçançar o público luso, os fãs permanecem poucos, ainda que leais. A tentativa de agradar a todos notou-‐se na setlist escolhida, onde constavam maioritariamente músicas do último álbum, mais comercial, e alguns sucessos de álbuns anteriores, tais como A Whole Child Ago e Glitter and Trauma. O concerto foi algo confuso e ficou no ar a vontade de ouvir mais temas antigos. Apesar disso, temas como Living is a Problem Because Everything Dies e Who’s Got a Match fizeram as delícias dos verdadeiros fãs, que saltaram e gritaram por Simon e a sua banda. O vocalista escocês agradeceu a presença dos fãs e a sua energia e alegria a tocar são, no mínimo, aprazíveis de se ver. Many of Horror foi cantada em conjunto com um público sabedor da letra e The Captain encerrou uma actuação que ficou aquém das expectativas. Destaque ainda para Mountains, um tema cuja força e beleza conquistam em qualquer concerto da banda.

Grande parte da multidão que encheu o Alive!’10 foi, claramente, para ver o segundo palco. Por isso não seria de estranhar que, por volta das 20h30, já mal se conseguisse entrar na tenda, na expectativa de ver Florence and the Machine a actuar. E foi a banda britânica quem mais gente levou ao local. Florence Welch entrou em palco para testemunhar um mar de gente que não parava de aumentar. Howl fez as honras, à semelhança do concerto na Aula Magna. Os fãs deliram, cantam e dançam ao som das músicas, gritam tão alto que é ensurdecedor, recebem a banda com palmas e uma alegria imensa de a poder ver em actuação. Qual criança divertida, Florence saltitou pelo palco, puxou pelo público, cantou e encantou com a sua voz. A artista emocionou-se defronte de tantos fãs e de uma plateia cujo fim se perdia no horizonte. Agradeceu aos fãs, muitos dos quais bastante recentes devido à sua súbita popularidade por terras lusas, e proferiu algumas palavras em português. Drumming espalhou a sua força pela audiência, mas foi Cosmic Love um dos momentos mais apreciados pelos fãs. A beleza deste que é o seu mais recente single não chega aos calcanhares do espectáculo na Aula Magna, perdida algures entre crowdsurfings deslocados e aclamações não contidas. Após You Got the Love, algumas pessoas abandonaram o recinto. Dog Days are Over e Rabbit Heart (Raise it Up) ficaram guardadas para o fim, cuja participação do público ajudou a fortalecê-las ainda mais. A banda apresentou ainda novas músicas, tais como Heavy e Strangeness and Charm.
Quatro anos depois, os Alice in Chains voltam a Lisboa, e desta vez com um novo álbum na bagagem, gravado com William DuVall. Mais de meia década após a morte de Layne Staley, o quarteto de Seattle volta verdadeiramente ao activo, e apresenta o mais recente Black Gives Way To Blue no Optimus Alive. Jerry Cantrell e companhia iniciaram o concerto de forma espectacular tocando logo Rain When I Die, Them Bones e Dam That River. Depois de Again e Ain’t Like That, estava na altura de conhecer o novo álbum dos Alice In Chains, e que tema melhor para isso do que Check My Brain? Seguiu-se Your Decision, também single do álbum, e No Excuses. Depois de mais duas músicas do último álbum, o público não mais pararia de cantar, e até ao final tudo foi nostalgia. We Die Young, Man In The Box, Would?, e finalmente a fechar, Rooster, a colocar as emoções ao rubro neste Optimus Alive. Um concerto para mais tarde recordar, juntamente com as palavras de William DuVall, de que os veremos brevemente.

Penúltima banda a actuar no Palco Optimus, os Kasabian, entraram com o single Fast Fuse a gerar alguma dúvida nos elementos do público. Com Tom Meighan sempre muito activo, e um pouco alterado, os britânicos foram despejando singles recentes como Underdog e Shoot The Runner. Os ingleses tocaram a curtos intervalos temas do novo álbum, intercalando sempre com velhos êxitos, mas nem assim conseguiram criar um grande ambiente. Só mesmo mais perto do final Tom Meighan e companhia foram conquistando o público português, com Club Foot e Vlad The Impaler. O concerto viria a terminar com L.S.F. (Lost Souls Forever), mas sem a missão cumprida.
Chegara então a vez de La Roux. Após um adiamento que resultou no cancelamento do concerto na discoteca Lux, os fãs esperavam o momento em que Elly Jackson finalmente aparecesse perante eles. O recinto estava mais vazio que nas bandas anteriores, mas público não faltou. Elly entrou mesmo em palco, debaixo de uma capa preta e imediatamente a música começou. Tigerlily foi a escolha acertada. A cantora britânica, após cumprimentar o público, fez questão de pedir as suas desculpas por ter cancelado o concerto, ao que os fãs responderam com palmas e alguns apupos. Mas Elly tinha como missão redimir‐se e apresentou uma actuação que serviu como tal. I’m Not Your Toy foi uma das preferidas do público, à qual se seguiu uma recente cover da Under My Thumb dos Rolling Stones. Colourless Colours foi o tema mais bonito, no sentido em que a voz da cantora, de facto, encantou. In for the Kill antecedeu Bulletproof, duo que terminou o concerto. Ambas foram acolhidas com fervor e muita dança. A banda estava redimida e o público satisfeito.
Passado um ano, e a pedido dos portugueses os Faith No More estavam de volta a Portugal. Um caso de amor recíproco como poucos, é este entre Portugal e Mike Patton. Uma entrada que teve tanto de fabulosa como de peculiar com Midnight Cowboy (original de John Barry), já fazia prever que ia ser uma grande noite. De seguida, From Out Of Nowhere, do álbum The Real Thing, e Be Agressive de Angel Dust foram grandes pretextos para o público português mostrar a Mike Patton e companhia a sua devoção pela banda norte-americana. Após The Real Thing, seria Evidence a levar ao rubro o recinto. É certo que é um costume de Mike Patton cantar esta música na lingua do país onde está a actuar, mas hoje fê-lo por completo, apenas a palavra que dá o nome à música foi cantada em inglês. A única música da era pré-Patton tocada nesta noite foi As The Worm Turns, e só dá que pensar, como poderiam existir estes Faith No More sem Mike Patton, se até uma música gravada e composta sem ele lhe parece pertencer. Last Cup Of Sorrow e a louca Cuckoo For Caca iam dando brilho a uma actuação perfeita.
Easy, dos Commodores, mas também celebrizada pelos Faith No More, continuou a pôr à prova as vozes do público, o que aconteceu de forma muito mais vincada em Midlife Crisis, na qual Mike Patton manda parar a música para que pudesse ouvir bem os portugueses a cantar o refrão. The Gentle Art Of Making Enemies mostrou mais um pouco da saudável loucura que Patton mostra em palco, seguida de Ashes To Ashes. Seguir-se-ia nas palavras de Mike Patton “uma música para os amantes”, e essa música era Ben, dos Jackson 5. Música muito calma, na qual o vocalista desceu do palco para se sentar próximo do público. Em King For a Day, brindou-nos novamente com proximidade, fazendo crowd surf, que acabou por não correr muito bem. Alguém resolveu roubar um sapato a Mike Patton, mas felizmente o norte-americano tão querido dos portugueses não julgou todo o público pela atitude de alguns, e o espectáculo continuou com a mesma animação que teve desde o inicio. A épica Epic, e Just A Man, serviram para uma falsa despedida, que iria resultar no primeiro encore da noite.
A reentrada dos Faith No More em palco, dar-se-ia com uma brincadeira, que Mike Patton dedicou à tristeza dos portugueses com a selecção nacional. Brincadeira essa, que foi uma curta versão dos Vangelis, de Chariots Of Fire, seguida de imediato da psicadélica Stripsearch, e novamente de uma falsa despedida com Surprise! You’re Dead! O final seria dedicado ao “mais grande caralho português”, Cristiano Ronaldo, apelidado por Mike Patton de “palhaço”. E com esta descrição, qual poderia ser a música que iria fechar o espectáculo? Só poderia ser uma música com esse mesmo tema, com título e refrão em português, Caralho Voador. Um final espectacular, num concerto que vai deixar saudades. “Até à próxima, beijinhos.”, foi assim que Mike Patton se despediu, e esperamos realmente que haja uma próxima. Os Faith No More deram sem dúvida um dos melhores concertos do ano, muito próximo da perfeição.
Para o final da noite, Calvin Harris antecedia Burns. O artista escocês iniciou a actuação com energia perante um recinto meio cheio. O público foi aumentando e temas como Stars Come Out e The Girls entusiasmaram e puseram todos a saltar e dançar. A continuação da festa ficou a cargo do segundo e terceiro palco, que serviram de pista de dança a quem ainda tinha energia. Tiga, Burns e Proxy foram os encarregues.
Notícias Relacionadas: | |
![]() |
Reportagem Optimus Alive!10 - 9 de Julho |
![]() |
Reportagem Optimus Alive!10 - 10 de Julho |