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Reportagem Real Estate
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No passado dia 16, o Plano B albergou uma noite encabeçada por um único nome, os Real Estate, oriundos de New Jersey.
Detentores de uma sonoridade pop esticada entre a melancolia e o psicadelismo, estes jovens lançaram o seu primeiro álbum há um par de meses. Com um registo a fazer lembrar nomes como Galaxie 500, The Clean ou Pavement, é natural que tenham sido recebidos com um grande fulgor por parte da crítica especializada, algo que certamente ajudou a encher o Plano B numa noite pós-Carnaval.
Com o referido registo homónimo debaixo do cinto, o quarteto americano, já por volta das 23h30, lançou-se a cerca de 45 minutos de um concerto que tanto deu para bater o pé, como para puxar pelo lado mais emocional do público. Algo conseguido sem nunca se tornarem maçadores ou desajustados na descarga ou na retenção enérgica.
Sapateando à volta de temas como “Fake Blues”, “Black Lake” ou “Beach Comber”, os presentes certamente sentiram o suburbanismo e a beleza imperfeita que essas pequenas pérolas pop invocam. Algo perfeitamente justificado pelo arremesso constante de linhas de guitarra pingadas de echo, slapback e phaser, apimentadas por uma voz a meio tempo e uma secção rítmica concisa, mas subtil.
Reportagem The Australian Pink Floyd
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Noite de nostalgia e saudosismo em Lisboa, com o Campo Pequeno lotado, e apenas com lugares sentados.
É certo que esta não é a banda que deu nome ao rock progressivo, e que inspirou gerações, mas a possibilidade de saborear um pouco daquilo que os britânicos deram à música. Qualidade de som acima da média e reproduções fiéis dos maiores êxitos do colectivo de Cambridge foram as principais armas dos australianos. Ainda não havia ninguém em cima do palco e numa forma circular surgia projectado um video no qual o público poderia saber que album ia ser recordado. Inicio de luxo com as quatro primeiras faixas de The Dark Side Of The Moon e Shine On Crazy Diamond(Part I-V).
Com muitas luzes e lasers à mistura, os Australian Pink Floyd foram encantando uma multidão entusiasta, participativa com palmas e coro.
Welcome To The Machine, Another Brick In The Wall, entre outras fizeram as delicias dos lisboetas, mas o momento alto da noite viria a ser Wish You Were Here. O público português quase conseguiu calar Steve Mac e companhia, cantando o clássico com toda a força.
Após muito tempo sem se dirigirem ao público (exceptuando os agradecimentos habituais), os Australian Pink Floyd mostraram-se muito satisfeitos com
o público e abandonaram o palco, regressando pouco depois para encore duplo. Primeiro encore reservou a esperada Comfortably Numb, com um javali insuflável e de olhos vermelhos a surgir na lateral do palco.
Aplausos longos, fortes e sentidos nos quais plateia, bancadas e galerias viram as cadeira inutilizadas, quando já toda a gente acreditava que o concerto tinha terminado. A verdade é que já muitas pessoas tinham abandonado o recinto e os Australian Pink Floyd brindaram uma última vez ao público português, com Run Like Hell.
Reportagem The Fiery Furnaces
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De todas as duplas musicais contemporâneas, os músicos que actuaram ontem no Santiago Alquimista serão, certamente, uma das mais interessantes. Os The Fiery Furnaces estrearam-se na sala lisboeta mais que lotada e ofereceram um espectáculo agradável, porém algo longo, aos curiosos espectadores.
A banda composta pelos irmãos Matthew e Eleanor Friedberger já desde o ano 2000 que se dá a conhecer, tendo editado oito álbuns até ao presente ano. Os americanos apresentaram, na sua maioria, temas do recente "I’m Going Away" (2009), um registo art pop imprevisível, ao vivo demostrando-se tão punk como rockeiro. Foi através das modificações dos temas, tornando-os praticamente irreconhecíveis, que se pôde verificar a versatilidade dos irmãos. Matthew dedilhava a guitarra sem esforço em devaneios inspirados, Eleanor entoava os lirismos estranhos de forma despreocupada e, assim, passaram por alguns dos momentos altos da sua carreira, acompanhados por uma banda de suporte.
Com uma entrada de rompante, “Rub-Alcohol Blues” tomou as rédeas e a atenção do público, passando por “Charmaine Champagne”, “The End is Near” e “Keep Me in the Dark” do mais recente trabalho. Com a habilidade de nos tirar o tapete dos pés cada vez que achamos que estamos a entrar em território familiar, os Fiery Furnaces vão para além da influência clássica do rock dos anos 70 e assumem a sua vertente experimental e até progressiva, nas suas mudanças de tempo frenéticas e letras pouco convencionais. Assim, Eleanor, parecendo uma Patti Smith e calçada com as famosas botas que deram o nome a uma canção dos Franz Ferdinand, pede desculpa por ter perdido a voz e cativa os fãs no ambiente intimista do Alquimista, apesar de poucas terem sido as pausas no rodopio instrumental do set dos músicos.
Este deu ainda para dois encores, incitados pelo entusiasmo do público, marcados por “Tropical Ice-Land” e “I’m In No Mood”, certamente os pontos altos de um concerto coerente. Destaque para Bob D’Amico, o baterista talentoso que marcava o passo de forma exímia.
Reportagem Adam Green
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Mais uma noite de concertos no Santiago Alquimista, depois de The Fiery Furnaces e The Album Leaf, na semana passada. Coube a Adam Green, pioneiro do anti-folk e antiga metade dos The Moldy Peaches, encher a casa (ou não), na primeira vez que actua em Portugal com banda.
Deu as honras Ish Marquez, que, ao apresentar o seu novo disco "Ahab’d Again", presenteou uma experiência surreal musical. De guitarra em punho, o nova-iorquino, certamente sob influências, subiu ao palco e de tudo fez: ora não acertava com o cabo da guitarra nem nas suas cordas, ora parava a meio das músicas para vociferar as letras à tímida (e única) fila da frente, rosnando-lhes pouco depois. Se a recepção não era a melhor, Marquez parecia bastante satisfeito, afirmando que era um prazer tocar em Portugal e que o Alquimista estava cheio de “gente bonita – beautiful!”. Uma alma criativa, portanto.
Se o quadro parecia feio, depois de tal abertura, Adam Green dispôs-se a agitar as massas logo que entrou. Ora, Green parece ter um carisma incontornável, equilibrando uma voz de crooner com o instrumental muito 70s, especialmente nos temas do último trabalho, Minor Love (2009), não deixando, no entanto, de ter um pézinho no acústico de singer/songwriter.
Foram muitos os amores menores – “Cigarette Burns Forever” começou em grande, em “Give Them a Token” e “Boss Inside Me” Adam assemelhava-se a um Leonard Cohen muito mais novo e suado e em “Goblin” interagia com a multidão. Saltava, dançava, fazia crowd-surfing e espalhava amor pelos fãs fronteiros, sempre numa boa disposição e imprevisibilidade constantes.
No entanto, muitos outros momentos foram dignos de realce: os saltos à coelho em “Bunnyranch”, as histórias sobre MC Hammer e o casaco de cabedal usado mais de 40 vezes em palco, tal como a muito pedida “Carolina” e o êxito de homenagem a “Jessica” Simpson. Uma versão de “What a Waster”, dos britânicos Libertines, coloca Green na boa fé de alguns fãs agitados, mas como não poderia?