Bon Iver
O regresso dos Bon Iver a Portugal já tardava em acontecer: depois de novembro de 2020, janeiro e novembro de 2021, foi a 11 de novembro de 2022 que a banda chefiada por Justin Vernon voltou a pisar solo português, um solo que lhes diz muitos, ou não tivesse o frontman da banda revelado naquela noite que Lisboa é “a nossa cidade preferida da Europa, tudo aqui é perfeito”.
Quiçá em jeito de antecipação por palavras tão calorosas e sentidas, a capital do país vestiu-se de gala para encher a Altice Arena e (finalmente) saborear I,I, quarto disco de originais lançado em 2019 e que, por esta altura, já conquistou o seu lugar nos corações dos muitos devotos da banda de Wisconsin.
Com tudo o que tem acontecido desde 2020, o ano de 2019 parece já fazer parte de um passado longínquo. Mas como, em determinadas ocasiões, vasculhar o passado traz consigo boas memórias para desfrutar, a noite de dia 11 não só resgatou (praticamente) todos os temas de I,I, mas como também balanceou os grandes êxitos de uma carreira que pouco falta para celebrar as duas décadas de existências. E competiu a “Perth” dar o pontapé de saída, tal como no homónimo disco de 2011, para a mágica noite dos Bon Iver.
Num palco decorado com néones cúbicos, refletindo qualquer luz que nesses esbarasse, e consequentemente oferecendo um impressionante jogo de luzes, a atmosfera que se ia instalando pela Altice Arena era a de uma harmonia total entre banda e público, com este último a saborear cada momento das mais recentes aquisições no cardápio de Bon Iver, como “U (Man Like)” ou “Hey, Ma”. Contundo, a primeira grande euforia da noite veio através de “Blood Bank”, cujo clímax final mantém a sua capacidade de nos deixar arrepiados, mesmo já com dez anos de existência em cima.
Quando 22, A Million, disco antecessor de I,I, viu a luz do dia, a alteração drástica na sonoridade quase característica de Bon Iver apanhou muitos de surpresa. E apesar destas mudanças de registo se terem tornado mais evidentes num alinhamento que tocou um pouco por toda a carreira da banda, “8 (circle)”, “715 – CREEKS” ou “33 GOD” foram apenas alguns exemplos em como estas canções ganham uma nova identidade quando encontram o seu caminho para os palcos.
Contrariamente ao que se sucedia em 2007, “Skinny Love” já não é mais o cartão-de-visita dos Bon Iver, tendo a banda agigantando-se a uma das canções mais românticas do presente século e consolidado uma carreira repleta de pontos altos. Mesmo assim, e já em 2022, o poder e a simplicidade do primeiro êxito da banda fazem-nos perder novamente de amores e, naturalmente, foi o momento mais sentido de uma noite que já se ia fazendo longa.
Para o encore, os resgates ao folk do passado continuaram com uma dupla de peso, “Flume” e “The Wolves (Act I and II)”, com o arrebatador final desta última a ter tanto de emotivo como de surpreendente. Mas o final, esse viria ao som de “RABi”, último capítulo na história da I,I e o ponto final em mais uma noite de amores entre Bon Iver e Portugal.
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Organização:Everything is New
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quarta-feira, 04 dezembro 2024