Scorpions
Em 2019, os Scorpions cumpriam a quarta presença em quatro anos consecutivos em Portugal, um número impressionante por parte de uma das bandas de rock mais acarinhadas pelo público português. Estes não puderam continuar a repetir a façanha, ano após ano, devido à pandemia, mas a avaliar pela receção dos fãs e tendo em conta o nível qualitativo da atuação apresentada pelo grupo alemão, terá valido a pena esperar. Os anos passam mas os Scorpions continuam a demonstrar uma vitalidade impressionante, como ficou bem patente esta noite na Altice Arena. Os já septuagenários Klaus Meine e Rudolf Schenker parecem imortais e demonstram que a idade é um estado de espírito. 57 anos de carreira é uma vida dedicada ao rock e uma proeza da qual muito poucos se podem gabar.
A forma com que estes músicos se apresentaram na Altice Arena impressionou mais do que a escolha dos temas, que recaiu obviamente nos clássicos habituais, aqueles que provavelmente a esmagadora dos seus fãs querem ouvir. De facto, as músicas tocadas foram maioritariamente mais do mesmo, o que não é na verdade um problema, tendo em conta o quão emblemáticas são.
Sem contar com os temas de sempre, a banda até tocou quatro músicas do novo álbum, "Rock Believer", sendo justo dizer que até foram mais novidades do que o habitual e que "Gas in the Tank" foi uma boa escolha para colocar o rock a rolar na Altice Arena. A mais densa "Seven Sun", o rock veloz de "Peacemaker" bem como o cativante tema título do mais recente registo discográfico, não destoaram do restante alinhamento, até porque a entrega do quinteto é igual em todos os momentos.
De baladas incontornáveis como "Send Me an Angel", "Wind of Change" (dedicada à Ucrânia e com letra alterada) e "Still Loving You" que foram cantadas em uníssono pelos fãs, com direito também a telemóveis e isqueiros a iluminar a sala de espetáculos, a clássicos mais pesados como "The Zoo" e "Blackout", ao rock antémico de "Big City Nights", "Bad Boys Running Wild", "Tease Me Please Me" e "Rock You Like a Hurricane", todos foram momentos altos e celebrados pelos fãs da banda germânica. Nem mesmo as instrumentais "Coast to Coast" e "Delicate Dance" faltaram, o que permitiu à dupla de guitarristas brilhar ainda mais.
Desta feita, até "Mikkey Dee" teve direito a um vigoroso solo de bateria, que no seu início foi coadjuvado pela presença do baixista Pawel Maciwoda. Num alinhamento recheado de clássicos, notaram-se as ausências de "No One Like You" e "Holiday", isto só para citar alguns dos mais óbvios entre os mais tocados pelos Scorpions.
Registou-se uma sala de espetáculos muito bem composta, sendo que provavelmente nenhum dos presentes terá saído defraudado da Altice Arena, no final de mais um enorme concerto de rock. Motivos para arrependimento só para quem ficou em casa. Neste que foi o último espetáculo da tour europeia, Klaus referiu logo no início que a banda estava entusiasmada por voltar a Portugal. Os fãs demonstraram ao longo desta cerca de hora e meia de música intemporal, que o entusiasmo foi recíproco.
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Organização:Everything is New
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quarta-feira, 04 dezembro 2024