Rhye em Lisboa
O ano de 2013 ficou marcado pela aparição de Ryhe, projeto na altura comandado por Milosh e Robin Hannibal. Através de Woman, a dupla conseguiu furar pela norma daquilo que seria expectável no R&B, com as suas canções a reunirem uma certa delicadeza e minimalismo nas suas melodias, sempre marcadas pelo encantador timbre de Mike Milosh.
Passada quase uma década desde que “Open” e “The Fall” reuniram uma extensa lista de admiradores por esse mundo fora, Rhye é agora o projeto singelo de Milosh, com Spirit e Home, este último lançado no ano passado e a servir de principal mote ao regresso de Ryhe aos palcos portugueses, a já serem de sua exclusiva autoria. E este regresso a Lisboa fez-se pela porta grande do Coliseu dos Recreios. Mas contrariamente ao que se registara na noite anterior no Porto, no Hard Club, a sala mestre de Lisboa esteve composta, mas longe de esgotar.
Para a ocasião, Rhye apresenta-se agora com uma extensa banda de apoio para levar a palco as suas canções, com destaque para o jogo de cordas que o acompanhou e onde o violoncelo reinou. Todavia, logo no arranque ao som de “Please” e “Major Minor”, era percetível o desequilíbrio nos níveis de som vindos de placo, com a voz de Milosh a sobrepor-se aos instrumentos que o acompanhavam.
Numa noite que se fez sentada, o flow contagiante de “Last Dance” desafiou a regra e se, em primeiro lugar, arrancou palmas em uníssono para acompanhar o seu ritmo vibrante, o crescendo do mesmo levou mesmo alguns corajosos a levantarem-se das cadeiras e deixarem-se guiar por uma vontade de dançar, não tardando muito até que a sala toda os acompanhasse. Posteriormente, e um pouco mais a frente, uma versão com muito groove daquilo que lhe conhecêssemos de “Taste” repetiu a manifestação de corpos feita de pé.
Com o passar das canções, especialmente as de tom mais melancólico, é nítida a delicadeza com que as mesmas são concebidas, com os seus arranjos – lembram-se do jogo de cordas? – deliciosos a sortirem ainda mais efeito graças aos extensos improvisos para o final de cada canção. Em certa forma, e num registo tão minimalista proporcionado por Rhye, sentiu-se a partilha de intimidade vinda do palco, exemplificada no seu expoente máximo ao som de uma versão a cappella de “Open”, de luzes apagadas.
Para o final, e numa altura em que pouco faltava para a duração chegar a uma hora de concerto, Milosh, que sempre foi muito interventivo ao longo da noite, deu ao público a escolher como queriam que o concerto terminasse – se primeiro a música mais calma, ou a mais mexida, referindo-se a “Hunger” e “Song For You”. Com esta última a dar a noite por encerrada, o regresso de Ryhe a Lisboa foi encantador como sempre, mas ao mesmo tempo, sentiu-se no ar uma ligeira insatisfação em se ter um artista em nome próprio a tocar por tão pouco tempo num concerto em nome próprio.
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Organização:House of Fun
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quarta-feira, 04 dezembro 2024