Curtas Vila do Conde 2022
O Curtas Vila do Conde está de regresso e assinala a sua trigésima edição com um olhar simultâneo sobre o passado e sobre o futuro, como é já, aliás, uma das suas imagens de marca. Sobre o passado do festival e sobre o património cinematográfico num sentido mais vasto, por um lado, mas também sobre múltiplas possibilidades que se abrem para o futuro do cinema, onde a curta-metragem funciona geralmente como um tubo de ensaio para novas hipóteses e trajetórias. Mas o mote para as celebrações deste número redondo vai para além dos filmes que marcaram a história do festival, e que já tivemos oportunidade de destacar noutras efemérides. A evocação do 30º aniversário do Curtas é o pretexto para o festival viajar até muitos locais inéditos, na cidade e no concelho de Vila do Conde, aproximando a comunidade ao festival e também desenhando um percurso que conduz os espectadores habituais do festival à descoberta de alguns locais da cidade e de algumas das suas freguesias. Edifícios históricos, estabelecimentos comerciais, cafés, jardins, ruas ou praças, serão no total 30 os espaços que irão receber uma parte da programação do Curtas deste ano. Projeção de filmes, exposições, obras de arte, workshops, concertos e performances, são vários os formatos de apresentação que esses 30 locais irão acolher, e que no fundo espelham o carácter eclético da programação do Curtas.
Toda a programação deste festival pode ser consultada em curtas.pt
Neste artigo vamos focar as atenções à fusão música+cinema, espelhada no festival com o nome Stereo.
Para a edição deste ano, a 30ª da história do festival as propostas para o Stereo são as seguintes:
Stereo 1 | 12 JUL. 23h45 | Teatro Municipal 1
"La Peste" - é uma proposta de reinterpretação visual e musical que abre novas leituras para o seminal filme de F.W. Murnau. Concebido por Raül Refree (música) e Pedro Maia (imagens), o espetáculo toma como pilares a epidemia, os animais, a morte ou as paisagens da Transilvânia para lhes adicionar novas texturas tensionadas através do órgão barroco, do piano ou da percussão eletrónica.
Stereo 2 | 13 JUL. 23h45 | Teatro Municipal 1
"Porto 1975 Mobilização Geral" - coloca Rodrigo Amado (saxofone), Rodrigo Brandão (spoken word), Hernâni Faustino (contrabaixo), Carla Santana (eletrónica) e João Valinho (bateria) a dar expressão sonora às filmagens que José Alves de Sousa captou na cidade do Porto entre 1975 e 1980, no pós-Revolução dos Cravos.
Stereo 3 | 14 JUL. 23h30 | Auditório Municipal
“I Don’t Know Karate But I Know Ka-Razor” - é baseado num excerto da obra de Filipe Marques “Whatevah you do, don’t look me too long in the eyes. Now it’s your turn to cry!”, que esteve em exibição na exposição “Pandemic”, na Galeria Municipal do Porto. Originalmente com cerca de dez horas de duração, esta adaptação em estreia absoluta no Curtas Vila do Conde terá cerca de uma hora de duração, e a participação de José Marrucho (bateria), Mané Fernandes (guitarra) e DJ Lynce (electrónica).
Stereo 4 | 16 JUL.23h45 | Teatro Municipal 1
"Steve Gunn toca Stan Brakhage" - Steve Gunn criou uma banda sonora para a série em quatro partes “Visions In Meditation”, realizada entre 1989 e 1990 por Stan Brakhage, que interpretará ao vivo numa sessão muito especial deste projeto originalmente criado para a edição de 2021 do Film Festival Ghent
Stereo 5 | 16 JUL. 21h30 | Alameda dos Descobrimentos
"Sweet Spot" - Uma performance de cinema expandido ao vivo em que dois realizadores de cinema de animação – Jorge Ribeiro e Paulo Patrício – cada um deles em modo alter-ego e de uma forma desinibida, estabelecem um diálogo recorrendo a diversos meios e técnicas, cruzando música ao vivo, projeção vídeo, animação, pintura e desenho ao vivo e em tempo real.
Stereo 6 | 15 JUL. 19h30 | Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde
"Rain" - Este filme faz parte da história do festival: foi mostrado em 1995, numa escolha de Manoel de Oliveira a propósito do centenário do cinema, que o próprio apresentou, e em 2002 integrou um dos programas de um ciclo itinerante que percorreu várias cidades do país, assinalando os 10 anos do Curtas. O filme é um marco importante na longa carreira de Joris Ivens e na própria história do cinema. Sendo uma das obras fundamentais do cinema de vanguarda.
Stereo 7 | 09 Jul. 21h45 | Cinema ao Ar Livre
"Da Weasel: Agora e para sempre" - Documentário animado, que permite ficar a conhecer melhor a banda que se lançou em 1993. Recorda, na primeira pessoa, os momentos-chave da biografia da banda de Almada: desde as origens, quando os irmãos Nobre, João e Carlos, começaram a fazer canções, passando pelos vários elementos que se foram juntando, para além dos convidados e amigos que fazem parte da narrativa do grupo de Jay Jay, Pacman, Quaresma, Virgul, Guillaz e DJ Glue.
Stereo 8 | 10 Jul. 21h45 | Solar - Cinema ao Ar Livre
"The Last Waltz" - Dezassete anos depois de unirem forças como a banda de apoio ao herói de culto rockabilly Ronnie Hawkins, os “rockers” canadianos The Band despedem-se dos palcos com um pródigo espetáculo de despedida no Winterland Ballroom de São Francisco, a 25 de Novembro de 1976. Filmado por Martin Scorsese, este documentário apresenta performances destacadas de convidados e lendas do rock como Bob Dylan, Van Morrison, Neil Young, Eric Clapton, Joni Mitchell, Neil Diamond, Ringo Starr, e Muddy Waters, bem como entrevistas que traçam a história do grupo e discutem a vida na estrada. Apresentado num novo restauro digital 4K da Colecção Criterion, aprovada pelo realizador Martin Scorsese.
Stereo 9 | 12 JUL. 21h45 | Solar - Cinema ao Ar Livre
"Italo Disco - The Sparkling Sound of the 80s" - este documentário oferece uma excursão de regresso a uma época em que milhões de europeus se entregaram a sintetizadores, melodias cativantes, e letras bizarras em inglês. Foi um produtor discográfico alemão que inventou o nome do género. A sua afirmação futurista parece agora ser justificada: nos dias de hoje, é tocado novamente por muitos DJs.
Stereo 10 | 13 JUL. 21h45 | Solar - Cinema ao Ar Livre
"Songs For Drella" - Lou Reed e John Cale criaram um álbum que presta homenagem, elogia, e reflete sobre a sua relação com o seu mentor Andy Warhol, três anos após a sua morte em 1987 – foi a sua primeira colaboração em mais de duas décadas. O resultado foi o álbum “Songs for Drella”, que foi inspirado nos diários pessoais de Warhol. Este belíssimo e minimalista filme, realizado em 1990, grava a primeira reunião em palco dos antigos companheiros de banda Lou Reed e John Cale, co-fundadores da imortal banda dos anos 60, os Velvet Underground, enquanto tocam, sem audiência, o seu álbum “Songs for Drella” na Academia de Música de Brooklyn.