Primeiros Confirmados @ Sudoeste
Eis que surgem os primeiros confirmados para o Festival Sudoeste 2007, este que conta já com a usa 11ª edição. Este festival será ecológico visto todo o espaço existirão ecopontos e pilhões. Assim como a utilização de lâmpadas de baixo consumo. Passemos aos confirmados e eles são:
MIKA- O jornalista da revista britânica “Q” que pela primeira vez fez uma pequena peça sobre Mika acertou em cheio no título: “One man Scissor Sisters”. Em comum com o quinteto norte-americano, Mika (24 anos apenas) tem o gosto pelo excesso, pela extravagância, pelos falsetos, pelas melodias infecciosas, pelo gosto puro da dança, e pelos pequenos pormenores de arranjos que transformam canções boas em grandes temas. Um dos que marcarão o ano de 2007 tem o selo deste londrino por acolhimento após nascimento numa Beirute devastada: trata-se de “Grace Kelly”, uma gema pop operática que já fez gastar o nome de Freddy Mercury. Agora, o miúdo-prodígio que aos dez anos já gravava comerciais traz ao palco principal do TMN Sudoeste o álbum de estreia, “Life in Cartoon Motion”. Canções melodramáticas também compostas por este multitalentoso, que ainda assina o piano. Profundamente pessoal, pronto para colocar toda a gente a dançar e a cantar com histórias de traições e transições entre camas e géneros sexuais, Mika é a surpresa que tomou de assalto 2007.
CASSIUS- Na primeira madrugada do Festival TMN Sudoeste vamos todos ter outra vez 15 anos. A responsabilidade de tão grande tarefa de rejuvenescimento e alegria fica para os franceses Cassius, que fecham, já bem tarde, o dia 2 no palco principal. Nos pratos da dupla Philippe Zdar e Hubert Blanc-Francart vai estar o último álbum, exactamente “15 Years”. O prato principal a nível musical vai juntar alguma da melhor música de dança das últimas décadas: o duo gaulês recupera a house e o techno e junta-lhes a melhor sensibilidade pop e a implacável produção de origem electrónica. Quer atrás dos “decks” em DJ sets quer comandando uma banda ao vivo, como acontecerá na Zambujeira do Mar, põem qualquer multidão a dançar enquanto apimentam os ritmos com “riffs” de guitarra ou pedaços de dub e jazz. São sessões exuberantes em que sabemos que regularmente seremos surpreendidos com sons inesperados a adornar a base dançante – só não sabemos se serão um falseto gospel ou um cântico africano. O Sudoeste orgulha-se assim de apresentar os três grandes nomes do “french touch” que perfumou o final do milénio.
THE STREETS- Mike Skinner não seria a primeira escolha para uma representação da Inglaterra (sub)urbana deste início de século. Mas olhando para lá dos seus tenros 26 anos, da sua figura franzina e aparência discreta, vemos que carrega em si, tal como muitos outros, os empregos abaixo de Mac, os jantares de “take aways” de restaurantes indianos manhosos, as tardes em salas de jogos a tentar engatar miúdas de saias para lá de curtas. A diferença é que Skinner, sob o pseudónimo de The Streets, transpôs estas paisagens sociais para música. Com três álbuns no bolso, conseguiu uma mistura quase mágica de hip hop, drum’n’bass e garage que actualiza de forma intrinsecamente britânica as referências negras que foram inundando a consciência musical das terras de Sua Majestade. Neste 2007 em que vem encher o palco principal do TMN Sudoeste, Mike já é milionário, mas não é um homem em paz consigo. Os fatos dos melhores alfaiates de Londres vestem um homem que canta de forma metronómica, a tentar esquecer… até que chega a uma balada minimalista e percebemos que há ainda esperança no seu coração.
CAMERA OBSCURA- Não é de hoje que bandas escocesas raptam o sol californiano e as harmonias byrdsianas e as fazem suas. Os seis Camera Obscura, de Glasgow, estão mesmo nessa. Constroem temas inocentes, abanadinhos, alegres, que nos levantam a moral. Numa palavra, bons para embalar o Verão. O baixista e fundador Gavin Dunbar cedeu recentemente a um livro de gastronomia uma receita sua: paella vegetariana (sem carne, chouriço ou frango, substituídos por tofu), ideia surgida após as muitas visitas a Espanha – a sua editora está sediada em Madrid. E o primeiro single extraído do álbum “Let’s Get Out of This Country” intitula-se “Lloyd, I’m ready to be heartbroken”, homenagem ao single de Lloyd Cole de 1984. Eruditos, divertidos, melódicos, bem cientes da história do pop em inglês, e com um pé na Escócia e outro na Península Ibérica.
BONDE DO ROLÉ- Os miúdos excêntricos brasileiros estão a tomar conta do mundo. Depois das Cansei de Ser Sexy, é a vez dos Bonde do Rolé. São três, são muito eléctricos, mas não são um trio eléctrico baiano de axê. Vêm de Curitiba, uma cidade onde é bom viver. E Rodrigo Gorky, Pedro D’Eyrot (DJs) e Marina Ribatski (voz) fazem dessa alegria de viver, de cantar, de dançar e de misturar os seus discos de adolescência a sua razão de ser. A que soam os Bonde do Rolê? Muito a funk, mas não são funk. Usam samples de guitarras de hard rock, mas não são rock. São, como quase tudo no Brasil, uma mistura sincrética que acaba por, contra as expectativas, soar decente e colocar os seus ouvintes a dançar. E carregam consigo a irreverência e a certeza arrogante da sua juventude. Em “Solta o Frango”, e perdoando o ataque à língua portuguesa, está o que pode muito bem ser um lema do Bonde: “A gente somos linda, a gente somos inteligente. Alegria da moçada, da perua favelada, nosso som é fantasia para mamãe e titia.”
STEEL PULSE- São uma das instituições do reggae britânico. Instituição não no sentido de cinzentismo instalado, mas de uma referência ética e racial. Fundados em 1975, em Birmingham, por filhos de famílias pobres imigrantes das Caraíbas, os Steel Pulse, liderados pelo vocalista e guitarrista David Hinds, habituaram-se desde cedo a remar contra a maré. Sem experiência musical e sem permissão para actuar nas salas para jamaicanos no Reino Unido devido às suas firmes convicções rastafarianas, passaram anos a acompanhar bandas punk como os Clash ou Stranglers. Ao longo de três décadas de carreira, mantiveram sempre os pés bem firmes no roots reggae de matriz marleyana, se bem que tenham também incluído pequenos toques de modernidade via o dance hall. Continuam a ser uma máquina bem oleada e certa nas suas convicções (educar as massas, combater as injustiças, lembrar heróis como Martin Luther King ou Nelson Mandela). E não se ficam pelas palavras: em 1991, o single "Taxi Driver" acompanhou uma acção colocada nos tribunais de Nova Iorque contra a companhia de táxis da cidade, cujos condutores eram acusados pelos Steel Pulse de discriminar os negros e especialmente os rastafarianos.
TIKEN JAH FAKOLY- É um guerreiro. Forte, alto, poderoso, carrega consigo diferentes responsabilidades. Primeiro, a continuação da divulgação do reggae na África Ocidental. Depois, manter a língua francesa bem dentro do género nascido na Jamaica, na senda do seu antecessor Alpha Blondy. Por fim, denunciar os tantos, tantos problemas que assolam o seu país, a Costa do Marfim. Para centenas de milhares de jovens marfinenses desalojados pela guerra civil, Tiken Jah Fakoly é um herói, uma voz a seguir. Proveniente de uma família guerreira com raízes no grande império mandinga, Tiken é um advogado do povo, que vê engrossar os conflitos étnicos e religiosos e a corrupção. Advoga sobre um reggae claramente jamaicano – com colaboração da dupla Sly & Robbie no álbum “Francafrique””, e gravação de último “Cours d’histoire” no lendário estúdio Tuff Gong de Kingston –, mas com um hipnotismo vocal bem africano. Diz com tristeza que quanto mais o seu país se afunda mais ele é popular. Mas não deixará de cantar até a sina da Costa do Marfim se alterar. Para testemunhar no Palco Positive Vibes do Festival TMN Sudoeste.