Cartaz dia 4 de Agosto @ Sudoeste
Semanalmente como já nos tem habituado a Música no Coração lá sai mais um dia de cartaz completo, fica aí os nomes para o dia 4 de Agosto do Festival Sudoeste está aí com grandes nomes que prometem bons concertos, eles são:
PALCO TMN:
Groove Armada | The Streets | Sam the Kid | Sérgio Godinho | Air Traffic | Australian Pink Floyd (After – Hours)
PLANETA SUDOESTE:
Koop | Patrick Wolf | Sondre Lerche | Sonic Júnior | Vanessa da Mata | Tiago Bettencourt | Eta Carinae
POSITIVE VIBES:
Sounds Portugueses | Saian Supa Crew | Martin Jondo | Stepacide
Groove Armada - Com grandes beats e grooves para animar a malta do Sudoeste aqui estão eles. Assim, nada mais acertado do que dar as boas-vindas aos Groove Armada. Estes dois ingleses, baptizados Tom Findlay e Andy Cato, gravam e actuam sob o nome Groove Armada desde 1996. Têm um som próprio, que é intenso mas elegante. Ultradançável mas com muita cabecinha. A escolha de colaboradores é impecável, pelo que as vozes que colocam nas suas bases instrumentais são sempre infecciosas. Quem não se lembra da insinuante Grandma Funk, MC da Manumission (superdiscoteca de Ibiza) que derrete “I see you baby”? Em 2007, a Armada do Groove está de volta aos discos, e o seu melhor cartão-de-visita é “Get down”. O título diz tudo, e o som não falha.
Sam the Kid - Longo, penoso, polémico e ainda sem certeza de chegar a bom porto. Assim tem sido o percurso do hip hop nacional. Mas com cada vez mais fans, mesmo assim, há já nomes incontornáveis e, para mal dos seus pecados, tendencialmente consensuais dentro do meio. Dentro desse restrito punhado, aparece Samuel Mira. Ou melhor, Sam The Kid. Sam é diminutivo de Samuel. Miúdo, já não é, embora a placidez da sua face pudesse induzir em erro. Tem 26 anos, e lança álbuns desde 1999. Discos em que mostra como se pode ser (quase) auto-suficiente, gravando em casa a partir de vinis, CDs, gravações de programas de televisão, telefonemas. Tudo, desde que daí possa tirar uma batida, uma palavra, um sentimento. Pepitas que vai retirando de uma mina, para juntar em filigranas musicais que escavam no amor e no ódio. No cinzento de um bairro, de uma cidade, de um país. Na indiferença que Sam sentia na pele enquanto artista e rapper, mas que, afinal, poderá já ser mais um passado do que um presente. Com o último álbum, “Prática(Mente)”, Sam The Kid passou para o lado dos poetas que reformulam a língua portuguesa. Não no karaoke, como comenta Sam na faixa-farol do disco, mas ao vivo, no momento, na garganta aberta e sentida.
Sérgio Godinho - Quatro de Agosto será o dia em que Sérgio Godinho sobe ao palco principal. Aí estará um dos artistas fundamentais na história da música portuguesa das últimas quatro décadas. Um alquimista das palavras, um artesão do canto, um designer meticuloso das músicas. Não é necessário qualquer pretexto para se assistir a um concerto deste “irmão do meio” do meio musical nacional – mas há mais uma razão adicional: o último, e brilhante, “Ligação Directa”, um álbum de originais que demorou seis anos a surgir. Para além de “novos clássicos” como “Às vezes o amor”, Sérgio Godinho colocará a mão na sua enorme bolsa de canções, e revisitará palavras e melodias tatuadas na alma portuguesa. Algumas em formas canónicas, outras em arranjos contemporâneos – sim, que Sérgio Godinho tem essa dualidade deliciosa: mantém um pé na fidelidade ao que gravou em disco, mas não desiste de por vezes mudar radicalmente as suas obras.
Australian Pink Floyd - Não Não são os Pink Floyd no Sudoeste, ficamos com os Australian Pink Floyd. Uma banda de tributo, mas que soa tão bem como os verdadeiros Floyd. Que dizemos? Tão bem? Segundo testemunhos oculares, e auditivos, são melhores que os originais. Como o nome indica, são originários da Austrália – as capas dos álbuns dos Floyd transformadas com o logótipo de um canguru são impagáveis. Estão juntos desde 1988, mas apenas quando se radicaram em 1993 no reino Unido a carreira descolou. E de que maneira: já tocaram no famoso Royal Albert Hall londrino. Os Australian Pink Floyd são, na realidade, uma grande obra de amor, uma imensa celebração de um dos maiores filões de música dos anos 70 e 80. Pelo palco principal do Festival, na madrugada de 4 de Agosto, o grupo pode escolher de entre os vários álbuns que sabe de cor, e tocar, por exemplo, canções de fogueira para milhares como “Wish you were here” ou “Money”.
Koop - Em 12 anos de carreira, o duo sueco Koop apenas editou três álbuns de originais. Não admira: Oscar Simonsson e Magnus Zingmark fazem tudo em formato de corte e cola com samples. Tudo o que se ouve a nível instrumental, ou seja, os beats, as cordas, os sopros, é cuidadosamente escolhido na sua imensa colecção de discos e bases de sons, e depois carinhosamente conectado para fazer canções. Só as vozes são “genuínas”, cortesia de várias vocalistas convidadas. E todo este processo demora muito tempo. Os Koop acabam, então, por ter nas mãos álbuns que parecem pequenas sinfonias orquestrais. Nas primeiras abordagens, estavam mais próximos das paragens electrónica/ambient/chill out; no último “Koop Islands”, rumaram para mais longe, para as Caraíbas da primeira metade do século XX, e pediram emprestadas percussões selvagens e ritmos em cavalgada. Quanto aos próprios Koop, não têm dúvidas: ”Criamos jazz. É tão simples quanto isso. Não conseguimos fazer pop, electrónica ou techno, simplesmente não somos bons nisso. Sabendo isso, aceitámos que basicamente podemos fazer tudo o que nos vier à cabeça.”
Sondre Lerche - Mais um jovem prodígio a desafiar catalogação. E da Noruega. Chama-se Sondre Lerche, e traz debaixo do bolso recordações muito diversas. Os clássicos pop dos compatriotas A-ha que os irmãos mais velhos tocavam na aparelhagem. As aulas de viola clássica. Os concertos em formato acústico que dava em bares ainda adolescente. E, por fim, os álbuns que já lançou. As chamadas “Duper Sessions” mostram o seu lado mais convencional, jazzy, com baladas subtis em formato tradicional e embrulhadas em swing e belas orquestrações. Mas já o último “Phantom Punch”, gravado com a sua banda Faces Down, é uma dose impressionante de energia. Onze canções de espírito punk gravadas num “take”, irrequietas e repletas de guitarras. A inspiração para esta última encarnação proveio de ter passado muitas noites do ano passado a fazer primeiras partes de Elvis Costello.
Vanessa da Mata - Aos três anos Vanessa da Mata já queria ser cantora. Foi um caminho inescapável que a levou a sair muito nova da sua pequena cidade natal no interior de Mato Grosso. Na grande metrópole de São Paulo começou a cantar em bares e a sua voz, suave mas potente, doce mas senhora de si, chegou a ouvidos tão importantes como Milton Nascimento e Maria Bethânia. Vanessa da Mata queria também ser compositora, mas pensava que não podia sem saber tocar um instrumento. Afinal, esta brasileira de 32 anos tem uma imaginação fértil e a capacidade de criar canções mesmo à flor da pele: escreve em qualquer sítio, em qualquer circunstância. E as suas composições, que tanto bebem em tradicionais sertanejos e Roberto Carlos como em excêntricos como Bjork. A cantora traz o seu mais recente álbum, “Sim”, que conta com um convidado de luxo: o norte-americano Ben Harper, com quem gravou o tema “Boa sorte/Good luck”. Boa sorte de quem apanhar na Zambujeira esta voz, das mais marcantes da actualidade brasileira.
Saïan Supa Crew - Após uma década a lançar bombas musicais pelo mundo fora, chega a Portugal a Saïan Supa Crew. Uma espécie de supergrupo da música urbana francesa, este colectivo junta elementos de diferentes grupos que nesta equipa podem dar azo às misturas mais diversas. Actualmente são cinco: Sir Samuel, Sly, Feniksi, Vicelow, Leeroy e Specta. Sobre uma base de hip hop, juntam reggae, soul, r&b, e mais, se lhes apetecer – e normalmente apetece. E nunca dispensam o “human beatbox”, essa outra disciplina fundamental do hip hop. Autodenominam-se uma associação de benfeitores de hip hop, e não estão longe da verdade, pois as suas visões muito abertas trazem frescura ao género. Ao terceiro álbum “Hold Up”, estes descendentes de famílias migrantes continuam a rappar deslizantemente sobre racismo, droga e violência global, mas não deixam de lado a doçura das relações. A chegada desta equipa será uma verdadeira bomba para o Palco Positive Vibes.
Martin Jondo - Transporta consigo na pele um arco-íris de locais, desde a Coreia da sua mãe até a Alemanha do seu pai, da Jamaica onde foi buscar inspiração até à Babilónia mítica que procura. “Warrior” do guerreiro que é, lutando para marcar o seu terreno numa área – o reggae germânico – dominada pela sombra gigante de Gentleman. Não se sejam inimigos: foi Gentleman que deu a Martin a primeira mão, ao levá-lo em “tournée” como vendedor de T-shirts e aproveitando para o colocar a cantar em palco, em dueto, todas as noites, uma canção. Que se chamava “Rainbow Warrior”, exactamente, e foi composta numa zona rural a norte de Berlim, onde o antigo Leste e Oeste se chocavam. Martin tenta com a sua guitarra e voz seguir a espiritualidade da religião rastafariana, não abandonando, no entanto, a placidez oriental que recebeu da sua mãe. Nunca se arrependeu de ter abandonado a universidade para seguir o sonho. É livre a cantar. Como diz a (sua ) canção: “Down in babylon we’re chanting songs of freedom”.