Cartaz dia 2 de Agosto @ Sudoeste
O cartaz do dia 2 de Agosto do Festival Sudoeste está aí com grandes nomes que prometem bons concertos, eles são:
PALCO TMN:
Damian Marley | Editors | Gilberto Gil | Mayra Andrade | I'm from Barcelona | Cassius (After – Hours)
PLANETA SUDOESTE:
Rui Vargas | The Noissetes | Camara obscura | Ojos de Brujo
Damian Marley - O apelido é curto, mas tem um peso extraordinário: Marley, de Bob. Damian é o filho mais novo da grande estrela do reggae Bob Marley, e aquele que mais perto está de alcançar os objectivos do progenitor. É Damian que confessa, ao falar das 14 canções de amor e guerra que compõem o último álbum “Welcome to Jamrock”: “Estamos a pegar no testemunho dos mais velhos que fazem música rebelde, somos os novos líderes da ‘old school’.” “Welcome to Jamrock” exibe uma panóplia estonteante das realidades das ruas da Jamaica, em que a violência, a pobreza e a marginalidade são rainhas. Reggae clássico dos anos 70, ao lado do actual dancehall mais radical. Embora as músicas de Damian tenham mais influências nomeadamente R&B e hip-hop. Quando chega ao palco, o MC/toaster Marley comanda, com benevolência mas pulso firme, as canções e os espectadores. São espectáculos de procura de verdade num século onde ela anda escondida.
Gilberto Gil - Se fosse elaborada uma lista dos dez músicos mais importantes da história do Brasil, Gilberto Gil estaria certamente nela. Será um espectáculo do também ministro da Cultura do Governo do Brasil é, de uma só vez, uma festa, uma aula, uma viagem no tempo. Uma festa, porque Gilberto Passos Gil Moreira é um homem de um coração e uma alegria imensas, que recebe todos como irmãos. Uma aula, porque somos apresentados a algumas das mais brilhantes formas de utilizar em canções as possibilidades da língua portuguesa. E uma viagem no tempo, porque o baiano carrega no corpo a mestiçagem das músicas do seu país, e das que lhes deram origem. É todo um campo em que entram, e são apenas exemplos, formas tribais da África Ocidental, o samba, o funk, o reggae, a canção romântica pós-guerra e a bossa nova. Quando está em cima de um palco a cantar e a tocar o seu violão, juntam-se o artista prolífico e o político que luta pela diversidade cultural e pela conservação dos patrimónios ameaçados.
Mayra Andrade - A etiqueta “world music” tem sido usada e abusada, mas no caso da Mayra Andrade tem toda a justificação, pois voga por formas tradicionais de música de um país usualmente fora do radar. Depois, porque, com uma vivência que passa por Cuba, Senegal e Angola, para além de Cabo Verde, é realmente uma música do mundo que sai da sua voz. Para já, no álbum “Navega” coloca a sua voz firme e materna em mornas, funanás e coladeras, arranjados em modos acústicos, muito simples. Desde os 11 anos que lhe pediam para gravar um disco, mas o objectivo supremo não era gravar um álbum, era, sim, “evoluir, aprender, enriquecer a música que fazemos”. Canta quase sempre em tons de português, mas já fez um dueto francófono com Charles Aznavour. O Brasil de Caetano e Chico – com quem já partilhou palcos – também é um horizonte a que deita alguns olhares. Não conseguimos evitar o nome de Cesária Évora, ambas com as vozes da tradição mesclada de futuro da música do seu arquipélago.
I'm from Barcelona - Não, não são. São Suecos, de Jonkoping uma pequena cidade do Sul da Suécia. E são muitos, muitos. Podem chegar a ser 29, tantos como os que gravaram os primeiros “demos” no apartamento de Emanuel Lundgren, compositor e o homem que tenta dirigir este colectivo com tendências para o caos. A ideia, aliás, era tocar as canções num único espectáculo e ficar por ali. Mas essa grande sala de estar para bisbilhoteiros chamada Internet entrou em cena: em poucos meses o passa-palavra tinha levado a milhares de “downloads” do “site” da banda. Seguiu-se o álbum “Let Me Introduce My Friends”. Tocam pop/rock de câmara, com muitos coros, sopros e instrumentos excêntricos. São celebratórios, digamos que primos de uns Polyphonic Spree. A diferença é que os suecos são bem mais boémios e experimentalistas na orquestração das canções. E têm um refinado sentido de humor: o nome do grupo provém de uma frase recorrente de Manuel, o criado espanhol da série cómica inglesa dos anos 70 “Fawlty Towers”.
Rui Vargas - É um dos mais importantes DJs portugueses, com uma carreira que nunca abandonou a procura da melhor house do planeta. Mas tem outra característica: é o único artista que tocou em todas as edições do Festival Sudoeste. Este ano repete-se a tradição: o programador musical da mítica discoteca lisboeta Lux vai fechar a madrugada de dia 2 no Palco Planeta Sudoeste.
Ojos de Brujo - O guitarrista Ramon Giménez encarna a sua Barcelona. Artística, plural, vibrante, fusionista, livre. De origem cigana, Ramon é também a pedra-base onde assentam as fundações dos Ojos de Brujo, um colectivo que pega no flamenco tradicional e o leva para outros planos. De uma forma ou outra, o projecto existia desde princípios da década de 90, mas só em 1999 sai o primeiro álbum, “Vengue”, em que a viola de Gimenez se juntava, por exemplo, aos sons tirados pelos “decks” do DJ Panko. Electrónica, percussões orientalistas, outras formas tradicionais da Europa, como o fandango, tudo é material para estes bruxos conseguirem um som único. Ramon, um homem apaixonado por todas as formas de arte – o colectivo agrega também fotógrafos, realizadores ou desenhadores – traz na bagagem o último “Techarí”, de 2006.